Durante a vida, é preciso realizar inúmeras decisões financeiras, desde as mais simples até as mais complexas, como, por exemplo, a compra de um imóvel ou aquisição de um investimento ou financiamento. Para que essas escolhas sejam sensatas e não criem gastos excessivos, é essencial que se possua um conhecimento básico acerca de práticas financeiras, evitando decisões errôneas e consequentemente, o endividamento (PICCINI &PINZETTA, 2014).
Uma ferramenta importante no auxílio de decisões financeiras que impactarão o dia a dia dos indivíduos é a educação financeira (SILVA, 2021). O objetivo dela se traduz em apresentar a importância do dinheiro, bem como ele é poupado e gerido de maneira consciente e que leve o indivíduo, tanto a curto quanto a longo prazo, a adquirir e acumular bens promovendo uma tranquilidade financeira (CAMARGO, 2007).
No entanto, de acordo com Sousa & Júnior (2021), no currículo educacional do país esse tema não é tão abrangente, deixando lacunas as quais ficam a critério da própria população ir em busca de informações a respeito do tema. Com isso, nota-se um aumento na procura sobre educação financeira, bem como é nítido que se tem iniciativas de instituições em orientar a população acerca do assunto. Com a educação financeira em ênfase, empresas buscaram oferecer esses conhecimentos básicos à população mediante anúncios e vídeos a respeito de investimentos, bolsa de valores e o universo dos ativos financeiros.
Considerando também os avanços tecnológicos, a população se encontra mais esclarecida sobre o mercado financeiro e a educação financeira (BITTENCOURT, SARDINHA,BARBOSA, SILVA-ALVES &
OLIVEIRA, 2019). Isso se deve, em grande parte, às mídias sociais presentes no cotidiano da sociedade. Elas transmitem conhecimentos e viabilizam o compartilhamento de ideias, as percepções e as opiniões
entre emissores e receptores de informações (MOTA, DE MELO & ANDRADE, 2019).
Ainda de acordo com os autores, é nesse ambiente que se encontram os produtores de conteúdo digital, ou seja, influenciadores digitais, que associam o seu conhecimento científico à sua alta
reputação na mídia. Eles influenciam várias decisões de seus expectadores, desde discussões e comportamentos a decisões de compra (KARHAWI, 2017).
De acordo com a Brasil, Bolsa e Balcão (B3) (2019), o interesse pelo mercado de capitais está em constante crescimento. No entanto, é importante salientar a importância da educação financeira nesse contexto, pois, com maior conhecimento, os agentes econômicos saberão se relacionar com o dinheiro nesse mercado e tomarão decisões mais assertivas para trazer melhores resultados para si e para a economia. Fontes de conteúdo que trazem o tema se encontram principalmente em mídias digitais, como, por exemplo, o YouTube, blogs, Facebook (e outras redes sociais), que são guiadas por influenciadores digitais, tais como especialistas e estudiosos da bolsa. Para o site Valor Investe, os influenciadores digitais financeiros, ou seja, as pessoas que abordam virtualmente assuntos de finanças
e investimentos, possuem um público médio de 74 milhões de seguidores. De acordo com a Associação
Brasileira do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima), e o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de
Dados (IBPA), em análise de cerca de quase 600 perfis sociais nos canais de YouTube, Instagram e Facebook, obteve-se em média 160 mil publicações no período de setembro de 2020 a fevereiro de 2021 por aproximadamente 240 influenciadores, o que gerou um engajamento de público de 937 interações por publicação (VALOR INVESTE, 2021)
Reflexões Teóricas sobre Educação Financeira e Ações dos Influenciadores Digitais
Educação financeira pode ser compreendida como um processo no qual o indivíduo busca conhecimentos necessários para gerenciar as suas finanças. Isso permite tomar melhores decisões,
visto que ao gerenciar de maneira correta as receitas, gera-se uma segurança financeira para o futuro. Ademais, a educação financeira promove o planejamento, possibilitando que as pessoas administrem suas rendas com ênfase em poupar e investir a curto e longo prazo
(FRANCISCHETTI, ET AL.,2014; LIZOTE; VERDINELLI, 2014).
Ainda conforme a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a educação financeira é definida como o processo no qual, tanto consumidores quanto investidores, compõem a sua compreensão sobre os produtos financeiros; e sobre a adequada informação e orientação que os tornam capacitados para tratar de oportunidades e riscos financeiros (OCDE, 2005).
Segundo Assaf Neto (2005), quando os indivíduos não apresentam o conhecimento necessário para a administração das suas finanças, um impacto é gerado nas operações de mercado, o que compromete as forças competitivas. Isto posto, ressaltamos o valor da educação financeira como forma de organizar um planejamento financeiro que promova um consumo saudável, não pautado em dívidas, ou
seja, que a renda seja compatível com o consumo consciente e planejamentos futuros. Isso permite que
os indivíduos façam investimentos em ativos, bem como ajustem o seu orçamento com as suas capacidades financeiras. Para que esse
processo seja desenvolvido, deve-se saber onde procurar ajuda e informação. É essencial dispor de conteúdo à população com o intuito não somente individual, de melhoria do seu bem-estar, mas também contribuindo para a formação de sociedades responsáveis financeiramente (BRASIL, 2010).
Fonte: Revista Brasileira de Contabilidade
Escrito por:
Argel Oliveira.
CEO da Argel Contabilidade
CRC GO – 028748/O
